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Empilhamento a seco de rejeitos da mineração também apresenta riscos para o setor

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 10/02/2022 às 22:11
Atualizado em 14/10/2024 às 16:47
O setor da mineração está cada vez mais adepto ao empilhamento a seco dos rejeitos das atividades, mas o sistema ainda apresenta riscos de deslizamento e o segmento precisa de novas soluções
O setor da mineração está cada vez mais adepto ao empilhamento a seco dos rejeitos das atividades, mas o sistema ainda apresenta riscos de deslizamento e o segmento precisa de novas soluções. Fonte: Reprodução

O setor da mineração está cada vez mais adepto ao empilhamento a seco dos rejeitos das atividades, mas o sistema ainda apresenta riscos de deslizamento e o segmento precisa de novas soluções

Após os desastres de Brumadinho e Mariana, o setor da mineração em Minas Gerais vem substituindo as barragens pelo empilhamento a seco de rejeitos e, apesar de ser uma alternativa mais segura, ainda apresenta riscos de deslizamento. Assim, o professor Carlos Barreira Martinez comentou, durante esta última segunda-feira, (07/02), sobre a necessidade de novas alternativas e soluções para que a segurança seja mantida nas operações do segmento.

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Sistema de empilhamento a seco de rejeitos ainda não é a solução mais eficaz e setor da mineração precisa de alternativas

Os acontecimentos em Mariana e Brumadinho, durante os anos de 2015 e 2019, acabaram alertando o setor da mineração em relação à segurança e às fiscalizações dos sistemas nas operações. Assim, o segmento vem investindo cada vez mais no empilhamento a seco dos rejeitos da mineração e substituindo as barragens, principalmente em Minas Gerais. No entanto, apesar de ser uma solução mais viável, esse sistema ainda apresenta riscos de deslizamento e não é a melhor opção atualmente. 

A solução da utilização do empilhamento a seco foi determinada na Lei estadual 23.291/2019 – resultado da luta do projeto de iniciativa popular Mar de Lama Nunca Mais, visando garantir mais segurança nas operções, e as mineradoras vêm adotando fortemente o sistema. Apesar disso, o sistema já provocou deslizamentos no Maranhão, em 2018, na Mina de Pau Branco, da Vallourec, entre Brumadinho e Nova Lima (2022), na Grande BH, e levam perigo a Santa Bárbara, no Centro de Minas, nas operações da mineradora AngloGold Ashanti. 

Dessa forma, o professor Carlos Barreira Martinez, do Instituto de Engenharia Mecânica (IEM) da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) destaca que “Toda vez que se toma um remédio, esse medicamento tem um efeito colateral. Não tem como tomar e não ter de se preocupar com nada e, no caso da mineração e da deposição de rejeitos, para não haver barragens esse é um dos efeitos colaterais. A fiscalização voltada para as estruturas do estado que estão recebendo os rejeitos de processamento a seco, as chamadas pilhas, precisam de ter um rigor de protocolos e inspeções muito eficientes”.

Desastres envolvendo o sistema de empilhamento a seco dos rejeitos da mineração se mostram cada vez mais recorrentes e setor precisa agir 

Entre os diversos desastres envolvendo a falta de segurança nas atividades da mineração, o mais recente que contava com o sistema de empilhamento a seco foi o da Pilha Cachoeirinha, da Mina de Pau Branco, da Vallourec, em 8 de janeiro deste ano. Assim, o deslizamento do dique de água chamado Lisa provocou um transbordamento de água, lama, pedras e detritos que arrebatou a mata, solo e interditou por mais de 6 horas a BR-040, interrompendo o fluxo na via de ligação BH-Ouro Preto-Rio de Janeiro e prejudicando negativamente as operações do setor da mineração durante cerca de 48 horas. 

Além disso, o reservatório ainda se encontra fragilizado, em nível 2 de estabilidade, um degrau anterior ao colapso iminente (nível 3) e que obriga equipes a ficarem de prontidão para remover pessoas da área inundável que passa pela rodovia. Com isso, a segurança na região não pode ser garantida pela Vallourec e os riscos para um possível deslizamento seguem elevados no local. 

Assim, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) do estado de Minas Gerais vem sendo cada vez mais pressionada em relação à fiscalização dessas operações por parte dos órgãos ambientais e sindicatos, mas ainda não houveram respostas sobre os acontecimentos e os riscos nas operações.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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